
Existem pelo menos tres hipoteses para o mecanismo de acao da cafeina:
mobilizacao de calcio intracelular;
inibicao da enzima fosfodiesterase, responsavel pela quebra do AMP ciclico (nucleotideo que atua como segundo mensageiro e participa de diversas reacoes do metabolismo celular);
bloqueio dos resceptores de adenosina, neuromodulador endogeno produzido no hipotalamo que, entre outras coisas, reduz a atividade neural.
Como as duas primeiras hipoteses so se revelaram verdadeiras com doses muito altas de cafeina (algo inimaginavel em termos de consumo diario), a terceira e a que se mostra mais provavel ate o momento.
Alem de diminuir a frequencia de disparos dos neuronios, a adenosina inibe a liberacao de certos neurotransmissores e a dilatacao dos vasos sanguineos, de modo que, com o passar do tempo, essa molecula se acumula no cerebro e promove sonolencia. A molecula de cafeina e muito parecida com a de adenosina e compete pelos receptores desta, localizados na membrana celular.
Estudos comprovam que a adenosina e seus derivados produzem efeitos opostos aos da cafeina: depressao da atividade eletrica dos neuronios, inibicao da transmissao sinaptica e da liberacao de certos neurotransmissores, letargia e reducao do alerta.
Deixando a cafeina de lado, pesquisas recentes tem dado destaque a outro componente do cafe: os acidos clorogenicos. Estudos in vitro e in vivo ja identificaram diversas acoes farmacologicas dessas substancias, como ativacao de centros opioides do cerebro, inibicao de enzimas responsaveis pela replicacao do HIV, reducao do nivel glicemico e inducao da replicacao e mobilidade de macrofagos.
Dentre esses efeitos o que mais se destaca e o do sistema opioide, que regula os processos fisiologicos relacionados a dor e tambem aos estados de humor. Os acidos clorogenicos sao potentes antagonistas opioides, motivo pelo qual alguns cientistas acreditam que o consumo diario e moderado de cafe possa ter efeito coadjuvante no tratamento de transtornos depressivos.
A arte foi cedida pelo designer do MIT John Maeda.
A materia foi destacada da revista Scientific American Brasil-Mente Cerebro.
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